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segunda-feira, 7 de setembro de 2020

A independência do Brasil

independência do Brasil aconteceu em 1822, tendo como grande marco o grito da independência que foi realizado por Pedro de Alcântara (D. Pedro I durante o Primeiro Reinado), às margens do Rio Ipiranga, no dia 7 de setembro de 1822. Com a independência do Brasil declarada, o país transformou-se em uma monarquia com a coroação de D. Pedro I.

Causas da independência


Em 1808, D. João VI e a família real portuguesa mudaram-se para o Rio de Janeiro.**


independência do Brasil foi declarada em 1822 e esse acontecimento está diretamente relacionado com eventos que foram iniciados em 1808, ano em que a família real portuguesa, fugindo das tropas francesas que invadiram Portugal, mudou-se para o Brasil.
chegada da família real no Brasil ocasionou uma série de mudanças que contribuiu para o desenvolvimento comercial, econômico e, em última instância, possibilitou a independência do Brasil.
Com a chegada da família real, o Brasil experimentou, em seus grandes centros, um grande desenvolvimento resultado de uma série de medidas implementadas por D. João VI, rei de Portugal. Instalado no Rio de Janeiro, o rei português autorizou a abertura dos portos brasileiros às nações amigas, permitiu o comércio entre os brasileiros e os ingleses como medidas de destaque no âmbito econômico.
Outras medidas de destaque são destacadas pelo jornalista Chico Castro:
Tomou providências, um ano após a sua chegada, para que houvesse interesse pela educação e literatura brasileiras no ensino público, abrindo vagas para professores. Instalou na Bahia uma loteria para arrecadar fundos em favor da conclusão das obras do teatro da cidade; mandou estabelecer em Pernambuco a cadeira de Cálculo Integral, Mecânica e Hidromecânica e um curso de Matemática para os estudantes de Artilharia e Engenharia da capitania; isentou do pagamento de direitos de entrada em alfândegas brasileiras de matérias-primas a serem manufaturadas em qualquer província e criou, pela primeira vez no país, um curso regular de língua inglesa na Academia Militar do Rio de Janeiro|1|.
Essas e outras medidas que foram tomadas pelo rei português demonstravam uma clara intenção de modernizar o país como parte de uma proposta que fizesse o Brasil deixar de ser apenas uma colônia portuguesa, tornando-se de fato parte integrante do Reino de Portugal. Isso foi confirmado quando, em 16 de dezembro de 1815, D. João VI decretou a elevação do Brasil para parte do Reino Unido.
Isso, na prática, significou que o Brasil deixava de ser uma colônia e transformava-se em parte integrante do Reino português, que agora passava a ser chamado de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Essa medida era importante para o Brasil e, segundo as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling, a medida tinha como objetivo principal evitar que o Brasil seguisse pelo caminho da fragmentação revolucionária – como havia acontecido na relação entre EUA e Inglaterra|2|.
A presença da família real no Brasil havia proporcionado grandes avanços, mas, ainda assim, demonstrações de insatisfação aconteceram por meio da Revolução Pernambucana de 1817. A mudança da família real para o Brasil havia resultado em grande aumento de impostos e interferido diretamente na administração da capitania.
A Revolução Pernambucana de 1817 foi reprimida violentamente. Três anos depois de lidarem com ela, o rei D. João VI teve de lidar com insatisfações em Portugal que se manifestaram em Revolução Liberal do Porto de 1820. Esse foi o ponto de partida do processo de independência do Brasil.
Portugal vivia uma forte crise, tanto política quanto econômica, em consequência da invasão francesa. Além disso, havia uma forte insatisfação em Portugal por conta das transformações que estavam acontecendo no Brasil, sobretudo com a liberdade econômica que o Brasil havia conquistado com as medidas de D. João VI.
Revolução Liberal do Porto eclodiu em 1820 e foi organizada pela burguesia portuguesa inspirada em ideais liberais. Um dos grandes objetivos dos portugueses era o retorno do rei para Portugal. Na visão da burguesia portuguesa, Portugal deveria ser a sede do Império português.
Outra reivindicação importante dos portugueses foi a exigência de restabelecimento do monopólio comercial sobre o Brasil. Essa exigência causou grande insatisfação no Brasil, uma vez que demonstrava a intenção dos portugueses em permanecer os laços coloniais em relação ao Brasil. O rei português, pressionado pelos acontecimentos em seu país, resolveu retornar para Portugal em 26 de abril de 1821.
Na viagem de D. João VI, cerca de quatro mil pessoas retornaram para Portugal. O rei português, além disso, levou para Portugal uma grande quantidade de ouro e diamantes que estavam nos cofres do Banco do Brasil. Com o retorno de D. João VI, Pedro de Alcântara foi transformado em regente do Brasil.

Processo de independência do Brasil

Com a independência do Brasil, D. Pedro foi coroado como imperador do Brasil.***

O processo de independência do Brasil aconteceu, de fato, durante a regência de Pedro de Alcântara no Brasil. As Cortes portuguesas (instituição surgida com a Revolução do Porto) tomaram algumas medidas que foram bastante impopulares aqui, como a exigência de transferência das principais instituições criadas durante o Período Joanino para Portugal, o envio de mais tropas para o Rio de Janeiro e a exigência de retorno do príncipe regente para Portugal.
Essas medidas junto com a intransigência dos portugueses, no decorrer das negociações com representantes brasileiros, e do tratamento desrespeitoso em relação ao Brasil fizeram com que a resistência dos brasileiros com os portugueses aumentasse, e reforçou a ideia de separação em alguns locais do Brasil, como no Rio de Janeiro. A exigência de retorno de D. Pedro para Portugal resultou em uma reação instantânea no Brasil.
Em dezembro de 1821, chegou a ordem exigindo o retorno de D. Pedro para Portugal e a reação decorreu da criação do Clube da Resistência. Em janeiro de 1822, durante uma audiência do Senado, um documento com mais de 8 mil assinaturas foi entregue a D. Pedro. Esse documento exigia a permanência do príncipe regente no Brasil.
Supostamente motivado por isso, D. Pedro disse palavras que entraram para a história do país: “Como é para bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto; diga ao povo que fico”|3|. Os historiadores não sabem ao certo se essas palavras foram mesmo ditas por D. Pedro. De toda forma, esse acontecimento marcou o Dia do Fico. Apesar disso, os historiadores afirmam que em janeiro de 1822 ainda não havia um desejo em muitos de permanecer o vínculo com Portugal.
A sucessão dos acontecimentos nos meses seguintes foram responsáveis por incitar o Brasil à ruptura com Portugal, uma vez que, como mencionado, isso não era certo em janeiro de 1822. Ao longo do processo de independência, duas pessoas tiveram grande influência na tomada de decisões de D. Pedro: sua esposa, Maria Leopoldina, e José Bonifácio de Andrada e Silva.
O rompimento ficou cada vez mais evidente com algumas medidas aprovadas no Brasil. Em maio de 1822, foi decretado o “Cumpra-se”, medida que determinava que as leis e as ordens decretadas em Portugal só teriam validade no Brasil com o aval do príncipe regente. No mês seguinte, em junho, foi determinada a convocação de eleição para a formação de uma Assembleia Constituinte no Brasil.
Essas medidas reforçavam a progressiva separação entre Brasil e Portugal, uma vez que as ordens de Portugal já não teriam validade aqui conforme determinava o “Cumpra-se” e, além disso, esboçava-se a elaboração de uma nova Constituição para o país com a convocação de uma Constituinte.
A relação das Cortes portuguesas com as autoridades brasileiras permaneceu irreconciliável e prejudicial aos interesses dos brasileiros. Em 28 de agosto de 1822, ordens de Lisboa chegaram ao Brasil com a mensagem que o retorno de D. Pedro para Portugal deveria ser imediato. Além disso, anunciava-se o fim de uma série de medidas em vigor no Brasil e tidas pelos portugueses como “privilégios” e os ministros de D. Pedro eram acusados de traição.
A ordem, lida por Maria Leopoldina, a convenceu da necessidade do rompimento com Portugal e, em 2 de setembro, organizou uma sessão extraordinária, assinou uma declaração de independência e a enviou para D. Pedro que estava em viagem a São Paulo. O mensageiro, chamado Paulo Bregaro, alcançou a comitiva de D. Pedro, na altura de São Paulo, quando estavam próximos ao Rio Ipiranga.
Na ocasião, D. Pedro I estava sofrendo de problemas intestinais (que não se sabe sua origem específica). O príncipe regente leu todas as notícias e ratificou a ordem de independência com um grito às margens do Rio Ipiranga, conforme registrado na história oficial. Atualmente, os historiadores não têm evidência que comprovem o grito do Ipiranga.
O 7 de setembro não encerrou o processo de independência do Brasil. Esse processo seguiu-se com uma guerra de independência e nos meses seguintes acontecimentos importantes aconteceram, como a Aclamação de D. Pedro como imperador do Brasil, no dia 12 de outubro, e sua coroação que aconteceu no dia 1º de dezembro.

Guerra de independência do Brasil

Diferente do que muitos acreditam, a independência do Brasil não foi pacífica. Com a declaração da independência, uma série de regiões no Brasil demonstrou sua insatisfação e rebelou-se contra o processo de independência. Eram movimentos “não adesistas”, isto é, movimentos que eclodiram nas províncias que não aderiram ao processo de independência e que se mantiveram leais a Portugal.
Os quatro grandes centros da resistência contra a independência do Brasil aconteceram nas seguintes províncias: ParáBahiaMaranhão e Cisplatina (atual Uruguai). Aconteceram campanhas militares nessas localidades e os combates contra as forças que não aderiram à independência estenderam-se até 1824. Para saber mais sobre, leia este texto: Guerra de Independência do Brasil.

Consequências da independência do Brasil

Entre as consequências do processo de independência do Brasil, podem ser mencionados:
  • Surgimento do Brasil enquanto nação independente;
  • Construção da nacionalidade “brasileira”;
  • Estabelecimento de uma monarquia nas Américas (a única no continente junto da haitiana e mexicana);
  • Endividamento do Brasil por meio de um pagamento de 2 milhões de libras como indenização aos portugueses.

Resumo

  • Durante o Período Joanino, medidas modernizadoras foram implantadas no Brasil.
  • Em 1815, o Brasil foi elevado à condição de Reino Unido e, assim, o Brasil deixou de ser colônia.
  • Em 1820, a Revolução Liberal do Porto foi iniciada em Portugal e reivindicava o retorno do rei português.
  • Com o retorno de D. João VI para Portugal, D. Pedro foi colocado como regente do Brasil.
  • As cortes portuguesas exigiam a revogação das medidas implantadas no Brasil e o retorno do príncipe regente.
  • Durante o “Dia do Fico”, D. Pedro declarou que permaneceria no Brasil.
  • No “Cumpra-se”, determinou-se que as ordens portuguesas só seriam cumpridas no Brasil com o aval de D. Pedro.
  • O grito da independência – se de fato tiver acontecido – ocorreu nas margens do Rio Ipiranga, no dia 7 de setembro de 1822.
  • Em 12 de outubro de 1822, D. Pedro foi aclamado imperador e no dia 1º de dezembro de 1822 ele foi coroado D. Pedro I.
  • Houve conflitos após a declaração de independência, na Bahia, no Pará, no Maranhão e na Cisplatina.
|1| CASTRO, Chico. A Noite das Garrafadas. Brasília: Senado Federal, 2013, p. 33 e 34.
|2| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 189.
|3| Idem, p. 212.
*Créditos da imagem: Commons
**Créditos da imagem: StockPhotosArt e Shutterstock
***Créditos da imagem: Georgios Kollidas e Shutterstock

Por Daniel Neves
Graduado em História


Quadro de Pedro Américo que retrata o grito do Ipiranga, realizado por D. Pedro.*
Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:
SILVA, Daniel Neves. "Independência do Brasil"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/independencia-brasil.htm. Acesso em 07 de setembro de 2020.
Mestre Chuvisco & Prof.Railda Barreto

sábado, 1 de agosto de 2020

Filosofia:
Somos uma escola de fomento da arte afro-brasileira, onde, formar cidadãos através da nossa cultura incluindo-o socialmente, priorizando os que se encontram em vulnerabilidade social é a nossa filosofia. Tendo como carro chefe o conhecimento da origem do povo brasileiro que se deu a partir da junção do: Branco, índio e o negro, cada um com seus costumes, língua, religião, comidas típicas, danças, artes, culturas dentre outros e cada um com suas ancestralidades. Em meio a toda essa riqueza cultural, somos inspirados e conduzidos a desenvolvermos uma gama de projetos que nos façam entender e refletir o processo de crescimento artístico e cultural que vem sendo difundido desde a chegada dos portugueses em terras brasileiras a partir do Século XV. Com isso, somos os responsáveis direto de toda a disseminação dessas riquezas para as futuras gerações, esse é nosso objetivo para que nossa história se perdure e que esse nosso trabalho continue sendo um elo de ligação do passado com o presente ou seja: "Tradição, Evolução e Preservação da Essência". Em nossa Escola prestamos vários mecanismos de difusão da arte afro-brasileira como: Capoeira para todas as idades, capoeira adaptada, aulas de percussão, samba de roda, maculelê, puxada de rede cultural, dança do coco, dança afro, atividades poliesportivas e Psicomotricidade.

quarta-feira, 8 de julho de 2020


HISTÓRIA DA MUSICA "AVISA MEU MANO"

A musica AVISA MEU MANO que e de autoria de MESTRE PARANÁ, é sempre cantada de forma errada em quase todas as rodas.
As pessoas cantam: "Avisa meu mano,CAPOEIRA mandou lhe chamar".Esta errado,o certo é "Avisa meu mano,que MAMÃE mandou lhe chamar".A "mamãe"no caso e Tia Maura,esposa do Mestre Parana.E como era praxe antigamente,essa musica tem uma historia,um por que...
Segundo informações do mestre José Roberto Rocha (Discípulo direto de mestre Paraná).
Mestre paraná era quem comandava a orquestra na academia de mestre Arthur Emídio no fim dos anos 50 quando o mestre inaugurou a academia na rua Manoel de Moraes. Próximo a esta academia havia uma tendinha onde o dono tinha o apelido de TURCO porém o mesmo não era turco, nesta tendinha o pessoal se reunia após o treino para tomar umas cervejas o que era comum na época.
Certo dia mestre Arthur Emídio avisou que haveria uma exibição de capoeira, mas neste dia mestre Genaro não foi. mestre Paraná então deixou um recado na Tendinha avisando do show que ocorreria no dia seguinte, mas mestre Genaro também acabou por não passar na tendinha então mestre Paraná com raiva fez esta cantiga:

"Você não apareceu ontem a noite na tendinha,
Avisa meu mano, avisa meu mano
avisa meu mano MAMÃE mandou lhe chamar

Eu deixei este recado com a filha da vizinha
mas você não apareceu ontem a noite na tendinha
Avisa meu mano, avisa meu mano
avisa meu mano MAMÃE mandou lhe chamar"

observação: Genaro,era aluno de capoeira do Artur Emídio...e aluno de berimbau,pandeiro,etc...de ritmo do Parana.Tornaram- se grandes amigos. Genaro e primo legitimo(em 1° grau do Mestre Caiçara.A mãe de Genaro era irma da mãe do Caiçara).
Agora D.Maura.....a Tia Maura,essa era A MÃE DE TODOS NOS....Parana,não seria o mesmo se não existisse Tia Maura....era ela que lavava nossos uniformes depois de cada exibição...era ela quem lavava um por um de cada um de nossos Tênis branco,depois de cada exibição(e depois de secos,passava giz em cada um deles pra ficar mais branquinho),era ela que preparava nosso cafe da manha quando chegávamos pela manha bem cedinho,depois de uma noitada de capoeira na quadra da Mangueira(escola de samba),era ela que preparava nossa comida(almoço ou jantar)quando saiamos para exibições,era ela quem cuidava de todos os detalhes e de tudo q fazíamos na capoeira...que nos rezava,com suas rezas FORTES E PODEROSAS....que conhecia todas as nossas namoradas e q nos aconselhava nas desavenças.....SANTA TIA MAURA.....IGUAL A ELA NINGUÉM NUNCA MAIS....(palavras de mestre José Roberto Rocha).


"A Chamada"

Alguns dias atrás me fizeram a seguinte pergunta:

Quando, onde e quem criou a chamada do passo a dois?

Como ela surge na arte?

Como não sei todas as respostas, além de me propôr a buscar tal resposta, confesso que eu mesmo, tive aguçada minha curiosidade, então sai em busca da mesma. Perguntei pra muitos mestres amigos e outros nem tanto, muitos como resposta descreveram o ritual em si, falaram de ser teste de conhecimento, malandragem, outros falaram de ancestralidade, outros ou por não saber ou não querer dividir o conhecimento de forma gratuita, mandaram eu buscar com meu mestre, enfim... Mas de todas as explanações a que me deu maior sentido para a dita pergunta veio do amigo Mestre Ribas, de quem sou fã e não nego, pois assim como eu busca mesmo as respostas e questiona também, alias o mestre se prontificou a explanar sua opinião a cerca do assunto de pronto, então sem mais delongas, neste momento volto a agradecer o mestre e venho postar na integra, sua explicativa escrito pelo próprio mestre:" Salve, Jimmy. 
Vou tentar sintetizar sem omitir informações.
Pra começar, nunca encontrei quem me desse uma explicação que me satisfizesse para legitimar as chamadas de bênção. E eu procurei respostas, inclusive, com mestres renomados da velha guarda da Bahia... Tudo que encontrei foram especulações e achismos, sempre associados à religião ou à necessidade de disfarçar a luta. Daí, achismo por achismo, desculpe a presunção, eu sou mais o meu, 
Na realidade, pode parecer muito óbvio, mas eu creio que a origem das chamadas, a princípio, está associada literalmente à falsidade de algum capoeira anônimo das antigas, que deve ter levado a pior em uma demanda. Daí, parou, abriu um sorriso, abriu também os braços, ou estendeu a mão, como quem estava reconhecendo a superioridade do outro e que do esse outro se aproximou pra corresponder ao abraço ou aperto de mão, foi pego de surpresa com algum golpe traiçoeiro e violento.
Isso deve ter virado o maior “bafafá” na época e fez com que tal recurso se consagrasse (pois, frequentemente, atitudes que “dão certo” se consagram facilmente. Tanto para o bem, quanto para o mal).
Agora vamos exercitar a imaginação:
Imagine se você fosse dessa época e tivesse presenciado uma cena como essa que eu acabei de citar. De repente, você se vê jogando com um cara sobre o qual você está levando nítida vantagem. De repente, ele pára, dá um sorriso, estende a mão ou abre os braços, num gesto de reconhecimento à sua superioridade. Eu pergunto: você cumprimenta ou não? E se cumprimenta, como o faz?....pois é. mais ou menos assim que eu entendo que esse fundamento se consagrou e, em um processo histórico que dura até o dia de hoje, vem sofrendo várias transformações na forma e no conceito.
Quer um exemplo? 
Vou tentar legitimar essa tese cruzando os dados com a Regional de mestre Bimba.
Eu considero que o que consagrou a criação de Bimba não foi a forma da luta em si, mas o fato dele ter tornado objetivo, concreto, lógico e racional tudo que a capoeira já oferecia desde sempre, só que de forma intuitiva, inconsciente, velada, subjetiva e subliminar. E o que a chamada de bênção tem a ver com isso?
Ora, o batizado da Capoeira Regional de Bimba, por exemplo, era quando  o aluno entrava pela primeira vez na roda de capoeira ao som do aço (e isso frequentemente acontecia em um dia de aula normal. Não era um evento como muitos imaginam, confundindo com o quê era formatura na CCFR).
Nesse contexto, o aluno que ia ser batizado, escolhia o padrinho que ia batizá-lo na roda e, ao final do jogo, esse aluno era orientado pelo próprio M. Bimba, a pedir a “bênção” pra seu padrinho. Daí o padrinho abria os braços como quem ia abraçar ou estendia a mão como quem ia cumprimentar seu afilhado e adivinha? (inclusive eu creio que é daí que advém o nome do chute que conhecemos por bênção bem como o termo “chamada de bênção”...mas daí, já é outra história)
Agora imagina as gerações se sucedendo na escola de Bimba….como pediam a bênção ao seu padrinho? (um comportamento bem similar, não?). Não estou dizendo que tem chamada de bênção na Regional, mas creio que foi a forma de m. Bimba encontrou para preservar esse fundamento que se consagrou em uma época que antecedeu a criação da Regional. E ele fez isso com todos os outros elementos. 
Bom….essa foi a forma mais resumida possível sobre a minha especulação sobre chamada...os desdobramentos e referências que eu tenho, dariam um livro…"
Achei particularmente sensacional a explicativa do mestre e mais uma vez o agradeço, assim como os demais que contribuíram com suas explicativas...axé e paz.
 Mestre Chuvisco & Professora Railda Barreto                                                                             Conta a história da rainha Nzinga.Confira

Ana de Sousa, assim chamada após seu batismo, mas nascida Jinga ou Ginga Ambande ou Ambandi, foi angola do Reino do Dongo de 1624 a 1626 e mais tarde do Reino da Matamba de 1630 até sua morte em 1663.
Nascimento1583, Angola
Falecimento17 de dezembro de 1663, Reino da Matamba
Nome completoAna de Sousa  Nzingha Mbande

ORIGEM DA PALAVRA GINGA

A Ginga é uma movimentação básica da capoeira. É o conjunto de movimentos que permitem a capoeira a falsa aparência de uma dança.
O objetivo da ginga não é oferecer ao oponente um alvo fixo, ocultar uma violação do capoeirista e enganar ou adversário, geralmente induzindo um ataque e dando ao capoeirista uma possibilidade de contra-atacar com eficiência. O termo mandato é popularmente usado como definir um capoeirista que utiliza uma forma eficiente, induzindo ao adversário uma queda em uma armadilha. Uma boa aplicação de ginga torna-se o capoeirista  imprevisível e difícil de ser golpeado, seja durante o jogo da capoeira ou em um combate.
A palavra Ginga no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa apresenta os seguintes formatos:
ginga  s. f.
3ª pess. cantar. pres. ind. de gingar
2ª pess. cantar. criança levada. de gingar
gin · ga
(derivação regressiva da gengiva)
substantivo feminino
1. Espécie de controle remoto, suportada em um encaixe na popa, faz o andar de uma embarcação.
2. Movimento do corpo de um lado para outro. = MENEIO
3. [Brasil] Caneco, munido de cabo longo, que serve para caldeirar ou caldo de uma tacha para outros engenheiros de .bangué.
4. [Moçambique] Bicicleta.
Confrontar: ginja.
Palavras-chave: gingação, gingar, gingador, ginguista, gingante, jamegão, ginja.
gin · gar - Conjugar
(origem obscura)
verbo intransitivo
1. Bambolear-se ao andar.
2. [Náutica] Navegar ou remar com ginga.
3. [Regionalismo] Troçar, chalacear.
4. [Portugal: Fundão] Recusar-se com modos desdenhosos, a aceitar um pedido.
5. [Moçambique] Dar nas vistas. = OSTENTAR, PAVONEAR
Mas uma outra vertente segundo alguns historiadores da palavra GINGA tem origem na rainha guerreira Nzinga Mbandi Ngola (1581-1663).Conhecida como “Rainha Ginga”,soberana de Matamba e Angola, essa mulher foi uma das maiores guerras e líderes da história mundial. Com agilidade política e armas comandadas por uma resistência contra os portugueses pela liberdade, lutando durante 40 anos na ocupação colonial e no comércio de escravos no seu reino.
Contemporânea a Zumbi sua resistência influenciou como guerras dos quilombos no Brasil. A Rainha Ginga morreu aos 82 anos, sem nunca ter sido submetida a portugueses.
Tida como uma rainha orgulhosa e selvagem, possuía cinquenta ou sessenta jovens rapazes com quem ela dava nomes e roupas de mulher, enquanto ela não era exército usava nome  de homem, para comandar com mais autoridade. Ciumenta, e para testar a fidelidade desses jovens que ela chama de concubinos, deixando-os conviver com outras mulheres, mandando, no entanto, espiar ou executar.




A ORIGEM DA PALAVRA "ENCRENCA"

Quando nos encontramos em algum tipo de infortúnio, várias são as palavras usadas para mostrar o nosso desespero ou infelicidade. Muitas vezes, o desejo de exteriorizar a infelicidade causada pela situação, leva a utilizar muitas palavras que nem imaginam sua origem e significado. Talvez esse seja o caso da palavra "encrenca", que seja tão corrente no nosso vocabulário cotidiano, que acabe até mesmo se transformando em verbo.

Para recuperar uma história desse termo, temos que deslocar para o Brasil na passagem dos séculos XIX e XX. Nesse período, os portos brasileiros receberam um grande número de estrangeiros que fugiram das conturbações causadas pelo fim do regime antigo e como crises econômicas do próprio sistema capitalista. Vale lembrar que vários imigrantes chegaram até aqui com a esperança de enriquecer trabalhando nas crescentes lavouras de café.

Nesse contexto de transformação e instabilidade, vemos que muitas famílias de pobres da Europa ainda sofrem com as primeiras ondas antissemitas. Em alguns casos, essas famílias são entregues como seus filhos para agentes que prometem organizar um bom casamento com um rico comerciante que prosperará em terras americanas. Tomados pelo desespero, muitos chefes de família acabaram deixando de levar por essas promessas enganosas.

Em muitos casos, já durante uma viagem, esses jovens descobriram que estavam sendo contrabandeados como escravos sexuais em diferentes cidades do continente americano. Chegando ao Brasil, essas prostitutas judias permaneceram como “polacas” e, usando sua recorrência, integraram a vida e o imaginário de vários bairros que compunham a vida noturna carioca e paulista.

Naturalmente, essas mulheres sofreram uma enorme discriminação por conta da posição marginalizada que ocupou na sociedade da época. Tanto as autoridades oficiais quanto as comunidades judiciais do Brasil reservaram um grande silêncio sobre a situação dessas mulheres. Contudo, essas prostitutas buscam vínculos de solidariedade que podem oferecer algum tipo de garantia.

Em muitos casos, essas prostitutas utilizadas ou iídiche - língua bastante usada pelos judeus da Europa Central e Oriental - são para dar recados entre si. Durante o seu trabalho, ao suspeitar de um cliente que causa algum tipo de doença venérea, elas são chamadas ou sujeitas a “ein krenke”. Na língua, o termo era comumente usado para definir uma ideia de “doença”. Naturalmente, a popularização do termo acabou ficando abrasileirada para a nossa conhecida “encrenca”

Rua das Marrecas

Nome consagrado pelo povo que tomou como medalha como aves de bronze de bicos jorrava água, pequeno e delicado chafariz. Uma obra, de Mestre Valentim, foi feita, em 1735, por ordem do vice-rei Dom Luiz de Vasconcelos e Souza, na rua que manda abrir para melhor acesso ao Passeio Público. Designada Rua das Belas Noites, iniciada nos Barbonos (atual Evaristo da Veiga), onde fica o chafariz e a vinha até o portão do Jardim.

Por diversas vezes mudaram-o o nome oficial. O povo a tudo ajuda, mas não aderia; para ele, sempre foi das Marrecas, nome oficial apenas a partir de 1964.

Durante certo período foi a rua da má fama, cheia de "pensões" de "francesas". Na verdade, polonesas judias, fugas de terra e colmas pelas malhas de Zwig Migdal, organização internacional de exploração de escravas brancas. Quando os namorados e as “capoeiras” invadem uma rua, como moças se escondem e recusam-nos, mandam dizer o que tinham no Kranke (uma doença, em parte).

A HISTÓRIA DAS POLACAS

Com uma imigração, famílias judaicas chegaram ao território brasileiro e junto com uma parcela de jovens mulheres iludidas por aliciadores, que prometem uma vida melhor no Brasil. Entretanto, a realidade não era bem assim e elas acabavam trabalhando como prostitutas.

Conhecida popularmente como polacas, essas jovens mulheres desembarcaram no Brasil e seguiram para o centro de São Paulo, principalmente na região do Bom Retiro, outras ficaram na região de Santos. As outras pessoas desembarcaram no Rio de Janeiro, até então a capital do Brasil, e as mulheres mais novas, tiveram um destino certo: uma cidade de Buenos Aires, capital da Argentina e sede da organização Zwi Migdal *.

* Zwi Migdal - Sociedade que atuou entre os anos de 1860 e 1939 no Leste Europeu, traficando mulheres e levando-as para a América do Sul para trabalhar como prostitutas. Sua sede era em Buenos Aires, possuindo filiais e administrando prostíbulos em diversas cidades brasileiras, incluindo Rio de Janeiro e São Paulo.

CURIOSIDADES!

A HISTÓRIA DA FEIJOADA:

A feijoada era comida dos ricos na época do Império
Existem muitas informações incorretas e duplicadas na Internet. Ainda bem que, em relação à história da feijoada brasileira, que é uma instituição nacional, historiadores e pesquisadores acadêmicos estão esclarecendo a população.
Ainda hoje, há muitas pessoas que ouvem (ou ouvem) que foram criadas nas senzalas de escravos, que juntas ou restos de carne que não são de engenheiros e fazendeiros que não querem, tais como orelha, pé ou toucinho e outras partes menos nobres do porco. Contudo, os historiadores e os pesquisadores começaram a provar que a "estória" não foi bem assim.
Bem antes do descobrimento no Brasil, cerca de 300 anos antes, os portugueses já conheciam o feijão, uma matéria prima da feijoada. O feijão preto é originário da América do Sul, mas o feijão já era conhecido na Europa antigamente e era usado na culinária (exemplo: cassoulet, de origem francesa).
Artigo: Feijoada: breve história de uma instituição comestível, publicada na Revista de Ministério das Relações Exteriores, o Prof. Rodrigo Elias (mestre em História Moderna e Contemporânea pela Universidade Federal Fluminense e doutorando em História Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro) n. traz fundamentos de que a versão da criação de feijoada pelos escravos não passa de uma "bela estória".
A História (com "H") traz mudanças de que a feijoada não era comida dos escravos e era apreciada pela elite social da época. Recorrendo a registros históricos, o pesquisador traz um anúncio de 7 de agosto de 1833 no Diário de Pernambuco, em que o recém-inaugurado Hotel Théâtre, em Recife, informações sobre as quintas-feiras expostas a empresas brasileiras.
Também o Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, publicado em 5 de janeiro de 1849, um anúncio em que o botequim da Fama do Café com Leite chama os fregueses de uma bela feijoada brasileira.
Segundo o Prof. Rodrigo Elias, em outro registro histórico, "uma Casa Imperial - e não escravos ou homens pobres - capturados em um país de Petrópolis, no dia 30 de abril de 1889, carne verde (fresca), carne de porco, lingüiça , lingüiça de sangue, rins, língua, coração, pulmões, tripas, entre outras carnes ". Esses são ingredientes de uma feijoada.
A base da feijoada brasileira é o feijão preto, mas os ingredientes diferem um pouco da região da região. Os dias da semana em que são apreciados pela população também usam a região para região: uma feijoada carioca é servida em feiras de sexo, uma feijoada paulista é servida em quartas-feiras e sábados etc.
A comida da feijoada era rica na era do Império
Existem muitas informações erradas e questionáveis ​​na internet. Embora ainda em relação à história da feijoada brasileira, instituição nacional, historiadores e pesquisadores acadêmicos estão esclarecendo a população.
Ainda hoje existem muitas pessoas que acreditam (para ouvir) que a feijoada foi criada nos alojamentos dos escravos para os escravos que se juntaram à carne, restos que os fazendeiros e agricultores não desejavam, como orelha, perna, bacon e outras partes menos nobres da terra. o porco. No entanto, historiadores e pesquisadores estão começando a provar que a "história" não era o caso.
Muito antes da descoberta do Brasil, há cerca de 300 anos, os portugueses já conheciam o feijão, a matéria-prima da feijoada. O feijão preto é da América do Sul, mas o feijão já era conhecido na Europa antiga e era usado na culinária (por exemplo, cassoulet, de origem francesa).
Artigo Feijoada: uma breve história de uma instituição comestível, publicada na Revista do Ministério das Relações Exteriores, Prof. Rodrigo Elias (Mestre em História Moderna e Contemporânea pela Universidade Federal Fluminense e doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro). Janeiro) fundamenta que a versão da criação da feijoada pelos escravos é apenas uma "bela história".
A história (com "H") traz evidências de que a feijoada não era comida de escravos e era apreciada pela elite social da época. Utilizando registros históricos, o pesquisador traz um anúncio para 7 de agosto de 1833 no Diario de Pernambuco, onde recentemente abriu o Théâtre Hotel em Recife, informa que às quintas-feiras seria servido à feijoada brasileira.
Também o Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, publicou em 5 de janeiro de 1849 um anúncio na taverna do Fame Café com Leite chama os clientes para uma bela feijoada brasileira.
Segundo o professor Rodrigo Elias, outro registro histórico, "a Casa Imperial - e não escravos ou homens pobres - comprada em um açougue em Petrópolis, em 30 de abril de 1889, carne verde (fresca), carne de porco, lingüiça, lingüiça de sangue, rins, língua, coração, pulmões, intestinos e outras carnes. "Estes são ingredientes de uma feijoada.
A base da feijoada brasileira é o feijão preto, mas os ingredientes diferem um pouco de região para região. Os dias da semana apreciados pela população também variam


CURIOSIDADES!
ESCRAVOS TIGRES:

No ano de 1862, não havia nenhum tipo de tratamento para esgoto, os dejetos (fezes e urina) eram guardados nas residências, em barris. A remoção dos barris de queijo é feita, normalmente à noite, quando os escravos, carregando os barris de cabeça, cruzando a cidade até terrenos baldios ou o mar, onde uma imundície era despejada.
Um comerciante inglês que viveu no Rio entre 1808 e 1818, que em muitos casos, esses barris eram esvaziados diariamente, em outros, apenas uma vez por semana, dependendo do número de escravos disponíveis (e, em média, dos mesmos usuários) barril). Se ocorrer desabar uma chuvarada, uma carga era despejada em plena rua, deixando-se, enxurrada, uma tarefa de captura-la ao mar.
O conjunto escravo-barril era apelidado de tigre, em razão do aspecto dos carregadores. Transbordamentos iam deixando rastreados no corpo do homem que, assim, fica com listras sinuosas.
Conta Manoel de Macedo (autor de A Moreninha) que viajou francês, demorou-se por alguns dias no Rio, Ouviu-se, patrocínios, queixas dos homens-tigre que, exibindo, corriam pelas ruas à noite. Algum tempo depois, veio publicar um livro de viagens em que relata: "Na cidade do Rio de Janeiro, capital do Império do Brasil, ferros terríveis, tigres, vagam, durante a noite, pelas ruas ..."
Segundo Brasil Gerson, em sua História das Ruas do Rio de Janeiro, ou local onde residia, o Sr. Russel deu nome à região onde, mais tarde, foi construído o Hotel Glória.
Até o ano de 1862, os resíduos (fezes e urina) eram mantidos em residências, em barris. A remoção de barris cheios é feita, geralmente à noite, quando os escravos, carregando os barris na cabeça, atravessavam a cidade para desperdiçar terra ou mar, onde a sujeira era derramada.
Um comerciante inglês que viveu no Rio entre 1808 e 1818 relata que, em muitos casos, esses barris eram esvaziados diariamente, em outros apenas uma vez por semana, dependendo do número de escravos disponíveis (e, necessariamente, do número de usuários do mesmo barril) ) Se houvesse uma chuva em colapso, a carga era despejada na rua, deixando para o dilúvio a tarefa de levá-la ao mar.
O conjunto de cano escravo foi apelidado de Tiger, porque as botas parecem. Os transbordamentos deixavam vestígios no corpo humano, assim eram com listras sinuosas.
Conta Manoel de Macedo (o autor de The Moreninha) que um viajante francês, que ficou por alguns dias no Rio, ouviu falar de patrícios, queixas de tigres desconfortáveis ​​que costumavam correr pelas ruas à noite. Algum tempo depois, publicou um livro de viagens no qual relatava: "Na cidade do Rio de Janeiro, capital do Império do Brasil, bestas, tigres, perambulam à noite, pelas ruas ..."
Segundo o Brasil Gerson, em sua História da Rua do Rio de Janeiro, onde residia, o Sr. Russell deu seu nome à região onde mais tarde foi construído o Hotel Gloria.

terça-feira, 7 de julho de 2020

Biografia



Jean de Léry

Léry era um jovem sapateiro e seminarista quando, em 1556, tomou a decisão de acompanhar um grupo de ministros e artesãos protestantes em uma viagem à França Antártica, colônia francesa estabelecida na baía de Guanabara, atual cidade do Rio de Janeiro.
França Antártica havia sido estabelecida por Nicolas Durand de Villegagnon, com ajuda financeira e apoio de Gaspar II de Coligny, almirante da marinha francesa convertido ao calvinismo. Villegagnon, embora inicialmente aceitasse os protestantes, passados oito meses da chegada destes, expulsou-os acusando-os de heresia. Léry e os demais passaram mais dois meses na região da Baía de Guanabara, acolhidos pelos índios tupinambás. Alguns dos missionários retornaram para a colônia e foram mortos por Villegagnon. Léry e parte dos missionários retornaram à França em um navio bastante avariado. A viagem foi arriscada, demorou mais do que o usual, e quase levou os passageiros e tripulantes a morrerem de fome. Ao final do percurso, Léry e os demais estavam comendo couro, papagaios, ratos e até mesmo mastigando o pau-brasil que traziam consigo. Já se preparavam para tirar sortes para decidir qual deles morreria para servir de alimento aos outros quando chegaram à Europa. Sem saberem, Léry e seus amigos traziam na bagagem uma carta escrita por Villegagnon ordenando a prisão e execução dos missionários. Não se cumpriu a ordem: autoridades protestantes acolheram os missionários na França, ignorando-a. Léry recebeu a notícia das mortes de três de seus amigos no Brasil e as narrou no capítulo "Perseguição dos Fiéis nas Terras da América" do livro "História dos Mártires", publicado por Jean Crespin, advogado protestante refugiado em Genebra.
De volta a Genebra, Léry tornou-se pastor e casou-se. Em 24 de agosto de 1572, na chamada "Noite de São Bartolomeu", os católicos assassinaram inúmeros protestantes na França, dando início a uma guerra civil que dividiu o país. A experiência de carestia no Brasil, e especialmente na viagem de volta à França, foi útil a Léry nesse conflito. Com outros protestantes, ele resistiu a um cerco de tropas católicas contra a cidade de Sancerre. Léry ensinou aos demais a dormir em redes e sobreviver comendo quase nada. Os católicos terminaram por desistir do cerco sem prejudicar tanto os protestantes. A história desse cerco está narrada no primeiro livro de Léry, "História Memorável da Cidade de Sancerre". Nesse livro Léry acusa os franceses de serem mais bárbaros do que os índios canibais que conheceu no Brasil.
A França Antártica foi conquistada pelos portugueses em 1567. Em seu lugar criaram a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. André Thévet, um frade franciscano francês, acusou os protestantes pelo fracasso da colônia em seu livro "Cosmografia Universal". Em resposta a essa acusação e atendendo a pedidos de amigos, Léry permitiu que seu diário de viagem fosse publicado com o título "Histoire d'un voyage faict en la terre du Brésil". Isso, porém, só pôde ser feito em 1578, após o manuscrito original ser perdido e outros contratempos referentes às Guerras Religiosas ocorrerem. O livro de Thévet mistura realidade e fantasia. Fala de índios que carregavam canhões nos ombros, com os quais atiravam contra os portugueses. Contém inúmeras incongruências. Léry parte desses elementos para contar o que segundo ele seria o verdadeiro relato do que ocorreu no Forte Coligny. Após a publicação de sua obra, Léry permaneceu trabalhando como pastor até o fim de sua vida.
Conta-se, no verbete sobre o Forte Coligny construído pelos franceses no Rio: "Esta fortificação foi o núcleo do estabelecimento colonial francês conhecido como França Antártica (1555-1560), sob o comando de Nicolas Durand de Villegagnon (1510-1571). Principiado ainda em 1555, após uma frustrada tentativa de estabelecimento de uma bateria artilhada na Isle Rattier, em Março de 1557 uma segunda expedição, sob o comando do Capitão Bois-le-Compte, sobrinho de Villegagnon, chegou à Guanabara com reforços: três navios novos e bem artilhados, transportando 290 colonos. O calvinista Jean de Léry, integrante desse reforço, resumiu a chegada dos primeiros franceses ("Histoire d'un voyage fait en la terre du Brésil", 1578):
"Assim, antes de partir de França, Villegagnon prometeu a alguns honrados personagens que o acompanharam, fundar um puro serviço de Deus no lugar em que se estabelecesse. E, depois de aliciar os marinheiros e artesãos necessários, partiu em Maio de 1555, chegando ao Brasil em novembro, após muitas tormentas e toda a espécie de dificuldades. Aí aportando, desembarcou e tratou imediatamente de alojar-se em um rochedo na embocadura de um braço de mar ou rio de água salgada a que os indígenas chamavam Guanabara e que (como descreverei oportunamente) fica a 23° abaixo do Equador, quase à altura do Trópico de Capricórnio. Mas o mar daí o expulsou. Constrangido a retirar-se avançou quase uma légua em busca de terra e acabou por acomodar-se numa ilha antes deserta, onde, depois de desembarcar sua artilharia e demais bagagens, iniciou a construção de um forte, a fim de garantir-se tanto contra os selvagens como contra os portugueses que viajavam para o Brasil e aí já possuem inúmeras fortalezas." (LÉRY, 1972:22)
Especificamente sobre a ilha e a sua fortificação, prossegue:
" Uma légua mais adiante, encontra-se a ilha onde nos instalamos e que, como já observei, era desabitada antes de Villegagnon chegar ao país; com meia milha de circunferência e seis vezes mais comprida do que larga, e rodeada de pedras à flor d'água, o que impede se aproximem os navios mais perto do que a distância de um tiro de canhão, e a torna naturalmente fortificada. Com efeito ninguém pode ali atracar, nem mesmo em pequenos barcos, a não ser pelo lado do porto, situado em posição contrária ao mar alto. Bem guarnecida, não fora possível forçá-la nem surpreendê-la, como depois de nosso regresso o fizeram os portugueses por culpa dos que lá ficaram. Ademais, nas extremidades dessa ilha existem dois morros nos quais Villegagnon mandou construir duas casinhas, edificando a sua, em que residiu, no centro da ilha em uma pedra de cinqüenta a sessenta pés de altura. De ambos os lados desse rochedo, aplainamos e preparamos pequenos espaços onde se construíram não só a sala, onde nos reuníamos para a prédica e a refeição, mas ainda vários outros abrigos em que se acomodavam cerca de oitenta pessoas, inclusive a comitiva de Villegagnon. Entretanto, a não ser a casa situada no rochedo, construída com madeiramento, e alguns baluartes para artilharia, revestidos de alvenaria, o resto não passava de casebres de pau tosco e palha construídos à moda dos selvagens, que de fato os fizeram. Eis, em poucas palavras, em que consistia o forte que Villegagnon denominou Coligny, pensando ser agradável ao senhor Gaspar II de Coligny, almirante de França, sem o apoio do qual, como já disse no início, jamais tivera meios de fazer a viagem nem de construir nenhum forte no Brasil." (op. cit., p. 68-69)
O forte foi penosamente erguido com a mão de obra indígena (cerca 40 escravos adquiridos aos Tupinambás) e dos colonos:
"(…) Como sobremesa [ao jantar da recepção] própria para refazer-nos dos trabalhos do mar mandaram-nos carregar pedras e terra para as obras do forte de Coligny, que se achava em construção. (…) Assim, já de chegada e nos dias seguintes, sem necessidade nenhuma e sem nenhuma atenção ao estado de debilidade em que nos encontrávamos por causa da viagem, (…) obrigou-nos Villegagnon a carregar terra e pedras para o seu fortim e isso desde a madrugada até à noite, apesar de nossa fraqueza, o que por certo constituía um tratamento mais rude que fora de esperar de um pai. Todavia (…) não houve entre nós quem não trabalhasse com alegria, acima de suas forças e por espaço de quase um mês naqueles serviços a que não estávamos acostumados." (op. cit., p. 52-53).