O QUE E MACULELÊ
mestre chuvuscu capoeira
O Maculelê é uma dança folclórica originalmente praticada por negros
e caboclos do Recôncavo Baiano, que simula uma luta com bastões de madeira, ao
som de atabaques e cânticos. No século 20, alguns praticantes passaram a usar
facões em lugar de bastões, em apresentações folclóricas.
Acredita-se que essa manifestação cultural exista,
na Bahia, desde o século 18, onde chegou possivelmente através de escravos
africanos ou através dos portugueses, que praticavam a antiga dança dos
paulitos ou, ainda, uma mistura de ambos. Incorporou elementos indígenas,
africanos e europeus.
Hoje, o Maculelê é muito praticado por grupos
baianos de Capoeira, mas
diferente desta, que se transformou em arte marcial pelos grandes mestre
baianos, o Maculelê continuou como folclore.
As raízes do Maculelê remontam provavelmente às
antigas danças de espadas do Velho Mundo, especialmente as praticadas pelos
árabes.
Versões de danças com o uso de bastões, simulando
espadas, são comuns na Europa e na Ásia, desde a Antiguidade. Algumas versões
transformaram-se em verdadeiras artes marciais, em que os bastões são mesmo os
principais instrumentos de luta, como no caso de estilos existentes na China e
no sudeste asiático.
Em Portugal elas são mais conhecidas como danças
mouriscas ou dança dos paulitos, principalmente em grupos folclóricos do norte
do País. Assim, é também possível que algum tipo de dança de espadas tenha
chegado à Bahia através dos portugueses e influenciado o Maculelê ou mesmo dado
origem a ele. Afinal, o Império Lusitano tinha acesso a muitas culturas
europeias, africanas e asiáticas, que influenciaram a cultura baiana.
Nas Antilhas, nos séculos 18 e 19, existem
registros de lutas com bastões de madeira entre os negros. Em Trinidad, por
exemplo, essa arte era praticada ao ritmo da calinda. Essa versão caribenha era
um verdadeiro combate, mas como uma espécie de jogo, assim como era a Capoeira
até o início do século 19.
Na Bahia, a dança com bastões adquiriu identidade e
estilo próprio: o Maculelê.
O mais conhecido divulgador histórico do Maculelê
foi Paulino Almeida de Andrade (1876-1968), o Mestre Popó de Santo Amaro da
Purificação, que também era capoeirista. Popó teria aprendido o
Maculelê com descendentes de escravos malês.
Os malês eram grandes guerreiros, formaram um
grande império muçulmano na África ocidental, dos século 13 ao 16. Na Bahia,
lideraram a maior revolta escrava urbana do Brasil, em 1835.
A influência árabe no Império do Mali, na Idade
Média, levou esses africanos ao uso da espada em batalhas, como arma
alternativa. Os tuaregues, por exemplo, usavam espadas e ainda são encontrados
no Mali. Mas ilustrações antigas mostram que os malês guerreavam basicamente
com escudos e lanças, assim como os demais povos da África subsaariana. Os africanos
sempre foram grandes lanceiros e, como tal, participaram de forças brasileiras,
como no caso da Guerra dos Farrapos (1835 - 1845).
Segundo a etnomusicóloga baiana Emília Biancardi
(Raízes Musicais da Bahia, 2006), o etnólogo senegalês Ousmane Silla, que
esteve em Salvador em 1969, afirmou que o Maculelê existia em Senegal, país que
faz fronteira com Mali.
Por outro lado, o pesquisador Plínio de Almeida
(Pequena História do Maculelê), cita que essa dança teria sido trazida
possivelmente por escravos de Moçambique,
em meados do século 18.
Os Cucumbis da Bahia
O Maculelê era representado nos Cucumbis da Bahia,
que ocorriam na véspera do Dia de Reis, no século 19. Entretanto, existiram
variações na época e no estilo. Possuíam elementos portugueses, indígenas e
africanos.
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